quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Excelência no interior

O Enem chama atenção para um conjunto de escolas longe dos grandes centros. Elas aparecem no topo da lista e já ombreiam com os melhores colégios das capitais.


O último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) reuniu 2,6 milhões de estudantes de 25 500 escolas públicas e particulares em todo o Brasil - o maior número desde que a prova começou a ser aplicada pelo Ministério da Educação, em 1998. Os resultados, divulgados na semana passada, lançam luz sobre um conjunto de escolas localizadas no interior do país que, surpreendentemente, já ombreiam com tradicionais colégios de capitais como Rio de Janeiro e São Paulo, que sempre figuraram no topo da lista. No ranking nacional, liderado pelo colégio paulista Vértice, entre as 100 melhores escolas brasileiras, 32 ficam em cidades do interior. Três delas constam até do seleto rol das dez instituições que receberam as notas mais altas em todo o país - caso do Colégio de Aplicação de Viçosa, o número 1 entre as públicas e o sétimo colocado no resultado geral. O atual Enem reforça uma tendência que já se fazia notar nas últimas edições da prova e foi flagrada ainda em outros exames oficiais, como a Prova Brasil e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Segundo esse último indicador, recentemente divulgado pelo MEC, algo como 550 municípios do interior de São Paulo alcançaram notas superiores às da capital. Um dado que chamou atenção.

A ascensão dessas escolas do interior se explica, antes de tudo, por uma questão de fundo econômico. Na última década, as cidades pequenas e médias brasileiras viram seu PIB crescer a um ritmo 20% maior que o das grandes metrópoles. Tal prosperidade não apenas fez reduzir a debandada de gente qualificada rumo aos grandes centros como atraiu cérebros para lá. Isso se refletiu nas escolas, que passaram a contar com professores de mais alto nível. Outra característica desses municípios menores é decisiva para o elevado nível acadêmico. Tradicionalmente, ali as famílias participam mais da vida escolar, algo fundamental. Por outro lado, nas grandes metrópoles brasileiras, especialmente nas periferias, há um sério obstáculo para o avanço do ensino. Explica o economista Claudio de Moura Castro, articulista de VEJA: "A incidência de violência no entorno das escolas tem puxado o nível para baixo". No quadro geral, 7 000 colégios brasileiros obtiveram notas abaixo da média. O Enem mostra, afinal, que há ainda um longo caminho a percorrer rumo à excelência acadêmica.

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